Dengue:
É uma doença viral de curta duração, gravidade variável, não contagiosa, que ocorre nas áreas tropicais e subtropicais, onde há condições para o desenvolvimento do mosquito transmissor. Apresenta-se de varias formas, não havendo até o momento uma classificação definitiva. O enfermo com Dengue é a fonte de infecção do inseto vetor. Que ao picar um enfermo com dengue, será capaz de transmitir a doença durante toda a sua vida. No Brasil, o vetor é o Aedes aegypti, um mosquito de hábitos diurnos que coloca seus ovos em água parada de preferência limpa. Quanto maior a densidade do vetor em determinada área, maior a chance de ocorrer uma epidemia. Quanto maior o numero de indivíduos susceptíveis, maior a chance de epidemia. A presença do vetor está associada aos fatores do ambiente como temperatura, altitude e presença de criadouros. A partir dos anos 60 houve grande fluxo migratório das zonas rurais para a periferia das grandes cidades. As pessoas vinham para a cidade à procura de melhores condições de vida, entretanto acabavam vivendo em favelas, sem saneamento básico e com abastecimento de água potável deficiente. A dificuldade em prover essas pessoas desses recursos básicos decorreu, não só da incapacidade dos governantes, mas também do aumento rápido e desordenado das populações urbanas. Além desse fluxo migratório em direção aos grandes centros, verificou-se, em todo o mundo, aumento da mobilidade da população e do fluxo de turistas. Com a rapidez dos meios de transportes, é possível o deslocamento de indivíduo infectado pelo vírus do dengue para área infestada pelo Aedes aegypti em poucas horas, iniciando novo surto ou epidemia. Além disso, o fato de não haver imunidade cruzada entre os quatro sorotipos virais, permite que indivíduos que já tiveram dengue pelo sorotipo Den-1, por exemplo, permaneçam susceptíveis aos demais sorotipos, podendo se infectar e desenvolver a doença. Os criadouros dos mosquitos transmissores do dengue estão relacionados a diversos fatores que variam de acordo com a estrutura urbana de saneamento. Os aspectos socioeconômicos e culturais das comunidades humanas, pois deles dependerão a estocagem de água, tipos de utensílios utilizados, forma de descarte de materiais inservíveis, características das edificações, deslocamento de mercadorias, entre outros. No Brasil, vasos de plantas, pneus, caixas d’água, floreiros em cemitérios foram inicialmente identificados como criadouros preferenciais do Aedes aegypti. Posteriormente, verificou-se que a eliminação desses criadouros levava o inseto vetor a se adaptar a outros criadouros tais como ralos e canaletas de drenagem pluvial presentes, inclusive, em bairros residenciais com uma adequada estrutura urbana. A dispersão espontânea de um mosquito fêmea adulto é em média de 30 a 50 metros, o que limita suas visitas a duas ou três casas durante sua vida, porém sua dispersão depende da disponibilidade de criadouros. Assim, fêmeas adultas com poucos locais de oviposição são mais eficientes na dispersão do vírus. Podendo alcançar quando necessário grande distancia ou alturas. O que demonstra a grande capacidade e adaptação do vetor nos diferentes contextos ecológicos.
Febre hemorrágica da Dengue (FHD) é o caso confirmado laboratorialmente e com os seguintes critérios: febre ou historia de febre recente de até sete dias, plaquetas igual ou menor que 100 000 células/mm³, fenômenos hemorrágicos espontâneos, prova o laço positiva, aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de plasma (aumento do hematócrito, hipoproteinemia, derrame pleural e ascite). Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, derrame cavitário, instabilidade hemodinâmica e ou choque. Estando associada a uma maior letalidade, determinada por fatores individuais, virológicos, imunológicos, agilidade e efetividade da assistência médica. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da hemoconcentração.
Dengue com complicações (DCC): é todo caso que não se enquadra nos critérios de Febre Hemorrágica da Dengue e sua classificação como Dengue Clássico é insatisfatória ante a gravidade do quadro clínico e laboratorial. Sinais: alterações graves do sistema nervoso, disfunções cardiorrespiratórias, insuficiência hepática, plaquetopenia (menos ou 50 000 células/mm³), hemorragia digestiva, derrames cavitários, leucometria global menor ou igual a 1.000 células/mm³ que pode levar ao óbito. Complicações da Dengue: encefalopatia, encefalite, insuficiência hepática aguda, síndrome de Reye, infarto agudo do miocárdio, miocardiopatia, miocardite, insuficiência renal aguda e síndrome hemolítica urêmica.
A grande maioria dos estudos apresentados na literatura avalia grávidas hospitalizadas podendo amplificar a gravidade do quadro (viés de seleção). Independente deste fato as gestantes devem ser incluídas no grupo de risco tanto para a gestante como para o feto. Os processos fisiológicos da gravidez podem confundir e atrasar o diagnostico da Dengue. Quando a infecção ocorre próximo do parto existe uma maior possibilidade do neonato tornar-se doente, risco do neonato adquirir as defesas da mãe que já teve dengue levando ao risco de uma enfermidade grave com outro sorotipo. O extravasamento do plasma associado ao dengue pode comprometer a circulação placentária, gestantes com comobirdades como a diabetes, asma brônquica e anemia falciforme. Importante ressaltar o aumento de formas graves da doença em crianças, que poderiam ter recebido anticorpos da mãe de determinado sorotipo e ao ocorrer dengue de outro sorotipo levar a uma forma mais grave.
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